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Qual educação?
                                        PROFª   Luzineti Aparecida Nunes Espinha

                                              RESUMO

                       Nossa sociedade, essa mistura, esse amálgama de
                       tudo, inclusive de boas intenções. São compêndios e
                       compêndios conceituando educação holisticamente, ou
                       seja, que engloba o nível de cortesia, delicadeza e
                       civilidade demonstrada por um indivíduo e a sua
                       capacidade de socialização. A reflexão, agora, tem
                       que ser mais profunda: que sociedade é essa? Cobrar
                       o que e de quem? Da educação? Da família? Qual a
                       importância do cidadão crítico, intelectualizado,
                       politizado para o estado? E minha reflexão vai além,
                       em nome de uma educação “social”, cria-se pessoas
                       alienadas. Pessoas para conviver bem com as
                       diferenças, quando essas tinham que ser
                       consequência de uma boa educação.

     PALAVRAS- CHAVE           Educação, realidade, reflexão

INTRODUÇÃO

          Este começo de ano, circulou nas redes sociais, um comunicado que algumas escolas fixaram nas portas que recepcionaram os pais que vieram fazer a matrícula dos filhos, alertando-os que a instituição oferecia aulas de línguas inglesa e portuguesa, matemática, geografia e todas as outras constantes no currículo, mas que não estava apta a ensinar o filho de ninguém a ter bons modos: não roubar o amigo, não agredir professor, não destruir portas, janelas, carteiras, mesas. O aviso também incluía os funcionários: que os respeitassem, que não os derrubassem, nem passassem por cima. Que os banheiros não fossem utilizados para estupros, consumo de drogas lícitas ou ilícitas, caso o sexo for consensual, deve-se procurar um lugar, não só fora do banheiro, mas fora da escola. Será que alguém leu? Caso alguém tenha lido, será que entendeu? Já que o gênero eleito é cônica, o tema escolhido, educação, penso ser pertinente abordar fatos e fazer essa reflexão: “ O que é educação?”
          O que responder? Os profissionais desse segmento estão meio perdidos, porque ao se graduarem a definição de professor, de aluno, de escola está  um salto quântico de distância:  docente é a pessoa que ensina. E o que se ensina? É um termo que diz respeito ao professor, é aquela pessoa que se especializa para transmitir os conhecimentos. __ Deveria ser.
           Discente é aquele que aprende, é relativo ao aluno que frequenta cursos, escolas, universidades, ou qualquer outro estabelecimento que se propõe a ensinar. __ Escola, então, é a que não dá mesmo para entender: lugar com autoridades capazes de nos ensinar, __ está no dicionário. __ Na verdade, é um misto de hospital, restaurante, hotel, abrigo dos desvios de conduta. E por falar em desvios, nossa constituição está aí para nos orientar.
           A Constituição Federal em seu artigo 205 estabelece que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Portanto a ação de educar é dever da família e do Estado e deve ser fomentada pela sociedade. E assim tem sido, essa é a nossa sociedade, essa mistura, esse amálgama de tudo, inclusive de boas intenções. São compêndios e compêndios conceituando educação holisticamente, ou seja, que engloba o nível de cortesia, delicadeza e civilidade demonstrada por um indivíduo e a sua capacidade de socialização. A reflexão, agora, tem que ser mais profunda: que sociedade é essa? Cobrar o que e de quem? Da educação? Da família? Qual a importância do cidadão crítico, intelectualizado, politizado para o estado? E minha reflexão vai além, em nome de uma educação “social”, cria-se pessoas alienadas. Pessoas para conviver bem com as diferenças, quando essas tinham que ser consequência de uma boa educação. Enquanto isso não acontece, engolem-se, dentro das escolas, que homens e mulheres são iguais, fora as trucidam.
          É desnecessário entrar no mérito das indagações, criar polêmicas; a relevância aqui são as reflexões. Parafraseando Guimarães Rosa: “Na procura está o sentido” Então por que não se trabalhar com a verdade? Qual o sentido em procurar, fora da literatura, o que não existe? No mundo acadêmico são inúmeras as teorias, mas que não se descarte a teoria pragmática, essa é infalível. Ensina-se um elefante a dançar, um cavalo cumprimentar um público, um cachorro guiar um cego até se aposentar. O professor tem dificuldade de ensinar uma criança de 12 anos que a cadeira é para sentar.
         No sentido técnico, a educação é o processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de melhor se integrar na sociedade ou no seu próprio grupo. Olha que bonito! Por que não se consegue?  Faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano..., por que o aluno termina o ensino médio sem conseguir escrever um parágrafo coerente e coeso? Aliás, pergunte para ele o que é coerente, depois que passar o susto, pergunte o que é coeso. No mundo das indagações, não pode faltar: por que o médico mata, o trabalho do engenheiro derruba a ponte antes da inauguração, a enfermeira não sabe a diferença entre soro e glicerina; e os “doutores” em educação berram na mídia que os baixos índices é resultado da péssima formação dos professores? Em hipótese alguma, esse texto põe em dúvida que, essa má formação contribua. Não se trabalha com a verdade, com fatos, com a realidade. Segundo Lacan “o real é da ordem do impossível”, está na literatura. Quem é o mortal que vai questionar, quanto mais contradizer. Mas pode-se afirmar que a educação, hoje, seja ela formal ou informal, vive no reino do faz de conta, onde a nossa sociedade, guardiã da educação, é uma “Bela adormecida”, e o Estado? Um misto de Pinóquio, de Gato de botas e Bruxa malvada, que está tentando nos enfiar goela abaixo uma maçã envenenada.

                                                                 BIBLIOGRAFIA
CASTRO, Luís Ângelo de. Fundamentos e Metodologia da Educação.
CHAUI, Marilena. (2012). Iniciação à Filosofia. Volume único, Ensino Médio. Diferentes teorias sobre a verdade. Pag. 113.
SAVIANI, Demerval. (1992). Neo-liberalismo ou pós-liberalismo? Educação pública, crise do Estado e democracia na américa latina. In: Estado e educação. Campinas: Papirus.
https://www.significados.com.br/educacao/
http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/definindo-educacao/91963/
Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 22/04/2017


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